Martini. Desde os filmes do 007 que a bebida, misturada com vodka, conota uma deriva sexista que convém agitar, sem mexer. A publicidade tradicional é directamente proporcionada à tradição da publicidade, pelo que um Martini frequentemente se associa a grandes carros-máquinas e grandes aviões-pessoas. A velha combinação: Martini, gaja boa e disponível, carteira recheada e opulenta.
Há um par de anos, a Martini inaugurou o Martini man; uma espécie de orangotango vestido de preto, mais rico que o Marlboro man e menos interessante que a Wonder Woman. Este armário de testosterona adivinhada tem tanta saída como os Martinis que bebe, cujos perdigotos desvia dos lábios em gesto de boçalidade estudada. A sua atitude não engana: entre as mulheres que engata e os Martinis que bebe, este herói da cultura pop deve ter tanto de flatulência como de chauvinismo. E lá resiste, indiferente aos protestos de todas e de todos os que nele sentem, de alguma forma, a perpetuação de um registo que há muito se deveria ter ultrapassado.
Mas eis que surge a retractação. Vejo, com os meus muito sáficos olhos, que o Martini man passou a ser o George Clooney (também há evolução entre os homens da Martini!) e que este, em reclame recente, desprezando uma mui convencional beldade ornamentativa, passeia os esbeltos olhos numa atrevida amazona que ali se exibia. E esta, como uma espécie de Zorra latina e agressiva, reparando no copo do galã, saca da espada e desfere uma estocada testicular a um touro de gelo que por ali derretia, depositando o produto do golpe no copo do seu extasiado observador. Ficamos assim a saber que a mulher da Martini continua servil, se bem que agressiva, e que continua atenta às securas masculinas, se bem que mais estrepitosa na forma com que as sacia.
A sua indomabilidade é qualquer coisa que um homem imagina e fantasia desde os tempos da pedra lascada, agora disfarçada sob o toque “martínico” da sofisticação. A sua espada corta, com toda a certeza, mas continua tão domável como as mulheres submissas do 007... Procede, pois, como se cortasse o 00, mas deixasse permanecer o 7.
E o Martini continua Martini! E é a mesma a música do mundo, ainda que tenha mudado a velocidade da sua rotação.
Há um par de anos, a Martini inaugurou o Martini man; uma espécie de orangotango vestido de preto, mais rico que o Marlboro man e menos interessante que a Wonder Woman. Este armário de testosterona adivinhada tem tanta saída como os Martinis que bebe, cujos perdigotos desvia dos lábios em gesto de boçalidade estudada. A sua atitude não engana: entre as mulheres que engata e os Martinis que bebe, este herói da cultura pop deve ter tanto de flatulência como de chauvinismo. E lá resiste, indiferente aos protestos de todas e de todos os que nele sentem, de alguma forma, a perpetuação de um registo que há muito se deveria ter ultrapassado.
Mas eis que surge a retractação. Vejo, com os meus muito sáficos olhos, que o Martini man passou a ser o George Clooney (também há evolução entre os homens da Martini!) e que este, em reclame recente, desprezando uma mui convencional beldade ornamentativa, passeia os esbeltos olhos numa atrevida amazona que ali se exibia. E esta, como uma espécie de Zorra latina e agressiva, reparando no copo do galã, saca da espada e desfere uma estocada testicular a um touro de gelo que por ali derretia, depositando o produto do golpe no copo do seu extasiado observador. Ficamos assim a saber que a mulher da Martini continua servil, se bem que agressiva, e que continua atenta às securas masculinas, se bem que mais estrepitosa na forma com que as sacia.
A sua indomabilidade é qualquer coisa que um homem imagina e fantasia desde os tempos da pedra lascada, agora disfarçada sob o toque “martínico” da sofisticação. A sua espada corta, com toda a certeza, mas continua tão domável como as mulheres submissas do 007... Procede, pois, como se cortasse o 00, mas deixasse permanecer o 7.
E o Martini continua Martini! E é a mesma a música do mundo, ainda que tenha mudado a velocidade da sua rotação.
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